Financiamento – Postada em: 27/01/2016
Crédito imobiliário movimentou R$ 75,6 bi em 2015
Em todo o país, foram financiados ,341,5 mil imóveis. Para esse ano, expectativa é de que o setor siga em ajuste
As concessões de crédito para a compra e construção de imóveis atingiram a marca de R$ 75,6 bilhões no ano passado, em todo o país. O volume ficou 33% abaixo da apuração de 2014. Somente em dezembro, o segmento contabilizou R$ 4,8 bilhões, representando uma alta de 16,5% sobre novembro e um recuo de 55,2% face o último mês do ano anterior. Os números são da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).
Em termos de unidades, foram financiados 341,5 mil imóveis em 2015, quantidade 36,6% inferior que um ano antes. Já em dezembro, 21,9 mil unidades foram contratadas. Segundo o balanço, a inadimplência (atraso de mais de três prestações) ficou em 1,9% no ano passado, taxa 0,5 ponto percentual (pp) maior que a variação de 2014.
Na avaliação de Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da associação, apesar do crescimento, a inadimplência não é um ponto de atenção. Ele afirma que os bancos estão se preparando para criar alternativas para que o público consiga efetuar os pagamentos das parcelas.
Poupança
Principal recurso para o crédito imobiliário, a caderneta de poupança apresentou mais saques que depósitos, fechando o ano passado com captação líquida negativa de R$ 50,1 bilhões. Por sua vez, em dezembro, os depósitos superaram as retiradas em R$ 4,8 bilhões. Isso não acontecia desde dezembro de 2014. Com isso, o saldo perfez R$ 509 bilhões no encerramento do último mês de 2015, alta de 1,6% sobre a conclusão de novembro.
Para Abreu, mesmo sendo cedo para um prognóstico, o ritmo de saques deverá diminuir em 2016, mas a captação líquida deverá manter-se no vermelho nesse ano. O executivo lembrou que fontes de recursos complementares à caderneta para o crédito são uma realidade, já que somam mais de R$ 250 bilhões. No entanto, o presidente da Abecip explica que a securirização pode encarecer o setor que, segundo ele, já é afetado pelo alto índice da taxa de juros, a Selic.
“O mercado vai buscar mix de funding, com novas fontes, como letras de crédito imobiliário (LCI) e certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), para trazer dinheiro novo e continuar crescendo”, complementa.
Estimativas
Para 2016, a Abecip prevê que as concessões do financiamento imobiliário deverão alcançar R$ 60 bilhões. Se a estimativa for confirmada, o setor deverá registrar redução de 20,6% frente ao ano passado.
O presidente da entidade acredita que o mercado deverá seguir esse ano em ajuste. O executivo afirma que o setor necessita de inflação e juros baixos para crescer. Ele também destacou que as incorporadoras têm reduzido a oferta de imóveis, o que pode representar uma boa notícia ao segmento.
De acordo com Abreu, a indústria da construção civil precisa se ajustar, intensificando as atividades promorcionais e buscando um novo nível de produção conforme a atual realidade. Os ajustes deverão proporcionar diminuições pontuais nos preços dos imóveis, mas não de uma forma significativa, na avaliação do executivo.
Espaço para crescer e indicador
Outro ponto positivo que Abreu salienta é de que o mercado imobiliário reserva ainda um grande espaço para espansão. Segundo ele, 18% dos domicílios ainda são alugados, o déficit habitacional corresponde a R$ 5,8 bilhões e o país tem um crescimento da população adulta que gera uma demanda potencial para o crédito imobiliário.
Abreu também anunciou que a Abecip está criando um novo indicador de preços de imóveis com base nas características das unidades que não são levadas em conta pelos indicadores, como tamanho, região, número de dormitórios, entre outros aspectos.
Informações: www.abecip.org.br
Texto por Luciano Emiliano